quarta-feira, 22 de maio de 2013
A MONTANHA SAGRADA
Um dia me veio o desejo de subir a Montanha Sagrada. Peguei o melhor rebento de meu rebanho e galguei o pequeno monte. Sacrifiquei-o de acordo om os ritos da época, ajoelhei-me e pedi a Deus Onipotente forças para meu trabalho diário e para a minha vida.
Um trovão se fez ouvir e a chuva caiu abundantemente. Entendi que minha súplica fora aceita e segui alegre o meu caminho.
Milênios se passaram e de novo me veio o desejo de subir a Montanha Sagrada. Pareceu-me mais alta e íngreme do que antes. Nada levei além de um pouco de incenso que queimei sobre umas brasas e pedi como se pede a um pai, que me fosse ensinado o caminho da verdade.
Demorou um pouco e um forte odor de rosas misturado a sangue se fez sentir. Entendi que teria muitas lutas e muitas vitorias no caminho e segui em frente, confiante.
Mais milênios se passaram e novamente me veio o desejo de subir a Montanha Sagrada. Era muito alta e a subida foi difícil. Por vezes quase desistia de alcançar o topo. Lá chegando pedi: Pai mostra-te a mim. Quem és?
Subitamente, olhando a minha volta vi que tudo o que me cercava era vida. Os grandes e os pequenos animais, os repteis, as aves, os insetos, as plantas e as pedras estavam vivas e iluminadas. Os trovões falaram com as suas vozes e as estrelas com seu canto. Entendi que o Pai estava presente em toda criação. Nada existia fora do Pai.
Muitos milênios se passaram então e novamente me veio o desejo de subir a Sagrada Montanha. Mas era altíssima, praticamente inalcançável. O cume escondia-se nas nuvens e as paredes eram paredões negros de pedra sem qualquer caminho por onde pudesse andar ou onde pudesse equilibrar-me. Arrastei-me, rasgando as vestes e a carne, lentamente. De noite dormia em alguma gruta acompanhado pelas serpentes que por lá viviam. Raios, trovões, tempestades e chuvas me ameaçavam a todo instante. Foi muito lenta, longa e difícil a subida. Com o tempo os cabelos embranqueceram e a velhice se acercou. Finalmente alcancei o topo, sem nada possuir, nu, esquelético, sem nada possuir e sem nada desejar e assim falei: Senhor, o que queres que eu faça?
De súbito a montanha que com tanto esforço havia galgado começou a desaparecer. Restou apenas a luz e o som. A pura Luz e o som do Absoluto silencio. Todas as minhas dores desapareceram. Meu passado desvaneceu-se. Eu não mais existia. Nada mais existia afora a Luz e o Som.
E finalmente compreendi que a Montanha que por tantos milênios tentei galgar por tantas veredas somente existia em minha mente, jamais fora real.
Em mais alguns milênios deverei de novo subir a Sagrada Montanha. Mas onde encontra-la se existe apenas em mim?
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2 comentários:
Lindo este texto minha flor!
Aliás, é uma delícia vir aqui no seu cantinho.
Beijinhos querida.
Flores e Luz.
Muito lindo este texto, com certeza a doutrina espírita nos ensina e nos faz pensar a cada palavra de seus livros. Você sempre coloca coisas lindas em seu blog, na verdade "palavras angelicais". Tenha uma ótima sexta-feira.
Bjs.
Tuca.
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